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desninar - dois poemas & estreia de Beatriz Ribeirão

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Imagem: screenshot de "many happy returns", Marjut Rimminen, 1997




madeira


já não me suporta o berço que costumava balançar
abaixo dos meus pés
enquanto ousava dançar na escuridão 
para que ninguém assistisse todas as voltas duras 
e felizes
que se apagaram quando você acendeu a luz
do meu quarto

não me encanta a rotina
de não saber o que fica 
ou o que vai deixar de estar
amanhã ou depois
às dez da noite




sete horas, o sepulcro


no pequeno espaço triste, as crianças
que por muito não pertenciam
corriam com olhares e pernas
pelos rostos desconhecidos,
lágrimas pisadas
e fôlegos
dos que sucumbiam à sua forma

vai, e deixa o nome no mármore ao lado
de quem esvaziou corações na primeira partida
dia em que uma criança não correu
[o que há, que chora tanto?
é que perdeu alguém, diz a menina do grupo dos acalantos]
e passou a viver também.







Estudante de psicologia, amante das palavras e da fotografia, Beatriz Ribeirão encontrou na arte uma maneira de compreender um pouco mais o caos da sua psique. 

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