Ela entra na floresta. Ele a persegue. Ela desaparece, não há como encontrá-la. É impossível encontrar uma mulher. A floresta imensa. Imersa em ossos. É uma floresta de ossos, ele percebe. Ele caminha, perde-se. Corre. Volta a correr. Tenta voar, grita. Ela está longe, flutua: as palavras ainda não mataram as suas asas. Ele está parado, mudo, os dedos clamando: Amo-te, amo-te. Receba meu corpo. É um corpo morto, o meu corpo. Morro em ti. Ela pára, ela escuta. Ela canta. É branca a voz de uma mulher. Ele a abraça. Ela o abraça. O corpo de um desaparece no outro. O corpo do outro desaparece no um. As almas não existem. Um.
trecho de "Livro de Gozo"