Quantcast
Channel: mallarmargens
Viewing all articles
Browse latest Browse all 5548

"SONHO", POEMA DE ANA FARRAH

$
0
0






estou sempre em festas decadentes gente plástica de risos travados eu entro no carro de alguém com outros alguéns nada nobres um pânico antigo volta a desafiar minha compostura e na janela me aparece aquele lobo os caninos de marfim a rosnar e babar na minha orelha ele sussurra me diz de avisos sem articular palavra tímpanos adentro insinua obscenidades e mensagens em bloco eu entendo tudo úmida de pavor e vontades me vejo acossada entre um pilar marmóreo e paredes de espelho o lobo a girar a maçaneta da porta entra corre abocanha os babados do vestido bordô com rendas que se rasgam até o palco onde está um cara que não reconheço tocando um acordeom de 1970 desafinado ele hipnotizado nem pisca e de repente o lobo sou eu.




*    *    *



Ana Farrah é gaúcha, da leva de 81. Ano do galo. Mora em Floripa. Uma vez mandou poemas pra editora da TRIBO. Publicaram dois. Garimpeira do Pinterest. Mexe bem no Picture manager do Office. Gosta de inventar que é astróloga, taróloga, que vê o futuro. É leitora voraz de bulas de remédio. Percorreu quatro cursos universitários, até virar Esteticista, na quinta chance do universo. Faz poesia no banho. E atende à domicílio. Cobra bem. Lê e escreve entre uma massagem e outra.


Viewing all articles
Browse latest Browse all 5548