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e disse sempre chegamos ao sítio aonde nos esperam - Ricardo Escudeiro

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Ilustração: Cesarr Terrio



“chegamos/cedo,/para onde/sempre/estivemos:”
(Eduardo Lacerda, que me diz há já um tempo:
“há o outro dia”)

“How do I get you alone?”
(Heart, 1987)


aquelas coisinhas mais técnicas sabe

que só veem os jurados
e os estivadores de nulidades e os responsáveis
pela montagem
mas não muito os jurados
mas não todos os jurados

sonhos e moinhos
compartidos
sob a mesma pelica
triste e fria
que o rosto de um

todo dia

carrega
ou mesmo um

o que seria

sabe
essas coisinhas
técnicas do som e da imagem

aquele plano de fundo sabe

cigarro descansa em mão apagado
inaudível na fumaça o fogo e a cinza
assentos vagos aos lados em cinema
ou qualquer outro sítio ou chão movediço
dizer do início ao fim ah desculpa tá ocupado
nana nenéns embalando
filhos não nascidos
dança concedida em corredor estreito
com outro par
irreproduzível

não dar conta de acompanhar
olhar ao mesmo tempo
take e legenda
presentear outra língua
com olhai por nós e contexto mal traduzido
com distorção e com equívoco
sabe
a triste figura de realidade
vestida da mesma malha triste e fina e cerzida
que o rosto lá de cima

ontem eu vi sabe

aquele cobertor
que pela minha mão chegou da sua
até
à do morador da rua
fraternismos
e moedinhas de jogar no pote
e estamos sozinhos entre amigos

(Ricardo Escudeiro)




Foto: Pierre Nunes


Ricardo Escudeiro nasceu em Santo André-SP, em 1984, onde vive. É autor dos livros de poemas rachar átomos e depois (Editora Patuá, 2016) e tempo espaço re tratos (Editora Patuá, 2014). Graduado em Letras na USP, desenvolve projeto de mestrado com interesse em Literaturas Africanas de Língua Portuguesa. Atua no ensino fundamental II e no ensino médio. Possui publicações em mídias digitais e impressas: site da Revista CULT, Mallarmargens-revista de poesia e arte contemporânea, Germina-Revista de Literatura & Arte, Jornal RelevO, Revista Nefelibata, Revista Gente de Palavra, Revista SAMIZDAT, 7faces caderno-revista de poesia, Revista Pausa, Flanzine (Portugal), Revista Carlos Zemek, Revista Mortal. Publica poemas mensalmente na Revista Soletras, de Moçambique. Participou da antologia 29 de abril: o verso da violência (Editora Patuá, 2015). Foi poeta convidado no Espaço Literatura da 13ª Feira Cultural Preta, em 2014, e do sarau Plástico Bolha, evento de encerramento da exposição Poesia Agora, no Museu da Língua Portuguesa, em 2015.

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