Réquiem das águas
Sussurravam as margens do rio
O cristal frio corta,
diamante bruto,
navalha
na carne fraca.
o ouro no estio,
terra lavada na bateia,
dor na pele
escavada.
Vazou o curral dos homens,
o metal―barranco de Minas,
pirâmide vermelha despejada
― o Doce amarga.
nas sobras d´água,
estrias da morte
contornam as lajes de pedra,
levando o Dourado morto
que o arrebol cintilava.
no vazio fundo
zuniu o grito,
dragando o último suspiro.
Nação Gê,
Krenak,
Botocudos,
erguei os ossos sonâmbulos.
chegou a tarde,
o vento
risca as encostas,
resseca as margens
rasga o véu de lama
onde,
submersas,
tilintam moedas.
* * *
Jorge Elias Neto (1964) é médico, pesquisador, cronista e poeta. Capixaba, reside em Vitória – ES. Livros: Verdes Versos (Flor&cultura ed. - 2007), Rascunhos do absurdo (Flor&cultura ed. - 2010), Os ossos da baleia (Prêmio SECULT - ES – 2013). Participação: Antologia poética Virtualismo (2005), Antologia literária cidade (L&A Editora – 2010), Antologia Cidade de Vitória (Academia Espírito-santense de letras – 2010,2011,2012,2013) e Antologia Encontro Pontual (Editora Scortecci – 2010). Colabora com poemas em vários blogs e na revista eletrônica Germina, Diversos-afinsm Mallarmargens e no Portal Literário Cronópios. Membro da Academia Espírito-santense de Letras onde ocupa a cadeira de número 2. Blog. Email.
LEIA TEXTOS DO AUTOR