Punhado de sol
Que se dobra
Porção de carne
Entre o osso
E a madeira
Entre a reza
E a distância.
Castigo dócil
Entre a penugem
E a raiz
Entre o salto
E a plantação.
Curva no meio
Do alicerce
Pilar móvel
Próximo ao cais
E a costura de cada linha
Assanhada por ondas e tutano.
Segredo impreciso
Para o qual se desliza
Na perseguição do abismo
Pela pele quieta e sóbria.
Equilíbrio e nevoeiro
Que atrasam o chão
E a queda perfeita.
* * *
Márcio Leitão é professor de Linguística, pesquisador em Psicolinguística (UFPB); tenta entender os processos mentais relacionados à linguagem. Poeta e escritor de livros infantis, escreve pra poder imaginar como é ter liberdade, respirar sem amarras. Escreve também pra se divertir com as palavras e com o que pode construir com elas. Publica todo sábado na zona da palavra.