os livros assimétricos na estante manquejam
como aquele velho banguela e entrevado
o caos jamais se organiza
ego de drama queen que sente tudo
até às últimas consequências
como aquele velho banguela e entrevado
o caos jamais se organiza
ego de drama queen que sente tudo
até às últimas consequências
no peito, um rockabilly pífio
*
a palavra “pai” carrega
impropérios: demônios rúbeos
aparecem em meus pesadelos
vestidos de rosa-cruzes, os
olhos claros claríssimos
caixões se levantam
sozinhos, cabeças decepadas
falam em estupro
voo nos cemitérios sozinha
pedindo socorro à Carolina
a voz da madrinha ao telefone me dá uma bad trip insuportável
desligo antes que os carunchinhos devorem meu cérebro e entrem
no sistema linfático de meu corpo
as tripas se revolvendo como macarrão velho
desligo antes que os carunchinhos devorem meu cérebro e entrem
no sistema linfático de meu corpo
as tripas se revolvendo como macarrão velho
*
desconta a sanha
na própria cabeleira
caindo como buganvílias
dos cinco andares da cabeça
explode em flores púrpuras
dentro das orelhas
na veia cava inferior
é uma quimioterapia esfarelando
o platô tibial da paciência
não há Pagu no Iraque que sirva
no gafanhoto do tempo
o feitiço sempre se volta contra o feiticeiro
meu autocontrole às vezes dirige
sem frugalidades um Lamborghini
pelas montanhas do Texas
sem frugalidades um Lamborghini
pelas montanhas do Texas
Priscila Merizzio é curitibana e nascida no Ano do Búfalo. Editora convidada da Germina - Revista de Literatura & Arte, integra o time das Escritoras Suicidas e eventualmente colabora à Zunái - Revista de Poesia & Debates. Também tem textos publicados na CULT, Eutomia, Cronópios e Mallarmagens. Participou da Bienal Internacional de Curitiba de 2013. Minimoabismo (ed. Patuá, 2014) é seu livro de estreia.