Meu poema é um problema: muito trema, morfema, meta-esquemas
tico
zinho
inho
TO TOUCH
TO BE
TOUCHED
resolver teoremas
derreter ipanemas
desvendar sistemas
(dos telefonemas sim-não)
derreter ipanemas
desvendar sistemas
(dos telefonemas sim-não)
medo de algemas, mas me livre dos edemas,
– fluxo-floema –
amém
– fluxo-floema –
amém
***
Insano, obscuro, hermético: azul Klein!
maçãs rolando mesa abaixo
esquizo-análise
sinfonia mallarmaica
celanitas de Celan, métodos e manuais (Valéry ou Da vinci?)
Uma fúria eslava: você, o terrível. Uma doçura amarga: você, o insensível.
Anarquismos que confluem para um só perspectivismo: antropofágico: o índio é teu amigo, mexeu com ele mexeu contigo.
Obsessivo, caça as três palavras que não podem faltar num lar (sabia que eu sou vegetariana?). destruidor de pés de barro, possuído por uma sede iauaretê, cheia de ruídos!
fosse louca juntava isso tudo e fazia uma bomba pra estourar
vias e vias(?) e vias lácteas talhadas nuns dentes diamânticos, voráticos,
da pessoa
mais sóbria do mundo.
***
Talassa, Talassa – inscrita no concretoníquel
Ironia: o inapreensível no estático de Lutero
Da barreira-píer vemos tantas luzes que
Derramam pelejaslampiônicas, iaras-botos
in-defesos.
A feira ao lado não tem porta mas sim várias saídas
Richelieu, gripir e organza vêm às voltas e
Falam de reis, burgueses e noivinhas
Talassa, Talassa
Teus cabelos com gosto de mal, desconhecem
Meus lábios cobertos de cal.
A saudade de Dezembro perdoa jamais Janeiro nenhum
Música do sétimo sentido – cabala cangaça
Os cocos rolam soltos pelas curvas turvas da impaciência
acertam em cheio a perna-pena...
Espero ainda rouco – polis-fémur
Pelo avesso da última dentição – tarde-trema.
***
Daqui quatro anos, você vai ser mais feliz?
"–Parfois, il faut qu'on se mette contre le mur"
(depois do enjoo, idade da razão).
Daqui quatro anos, fará diferença 4 ou quatro?
(depois do enjoo, idade da razão).
Daqui quatro anos, fará diferença 4 ou quatro?
Apegado aos signos, sim.
lua em Touro sua preguiça.
Em 4 anos, quanto terá vivido?
Kulechov em tempos de Bergson
Está no prato: migalhas
apostas contra o relógio: todas perdidas
Ou talvez no montante das rugas
– gatomancia –
arranhando o pescoço
Clarissa Comin nasceu em Fortaleza. Mestre em Literatura Brasileira (UFPR) e Estudos Lusófonos (Université Lumière Lyon 2). Escreve semanalmente no Totem & Pagu em parceria com Julia Raiz. Oficialmente professora de língua francesa & portuguesa, mas nos finais de semana ataca de tradutora-das-horas-vagas. Atualmente mora em Curitiba.