Hoje eu saí pela porta da frente
cansei de tecer as toalhas do teu ego
e de me deitar com teus deuses
enrustidos pelo eu
um pouco além desse frenesi pungente
teus feitos correrão a esquina
tua alma devassa se deleitará em tantas outras almas
com a mesma ideologia acéfala de dor e morte
(eu preferi cometer eutanásia)
*
*
longe daqui sou
uma parte a menos
um relógio atrasado
esse tal amor piegas
sou a vida acenando
para o meu passado
a terra girando em torno
desse corpo inteligível
quantas dias tem uma hora?
quantos olhos te beijaram?
quantas mãos te amaram
bem melhor que o amor dele?
longe daqui talvez eu seja
a liberdade ouvida pelo vento
araíz que firma em mangues
molhados e sangrentos
longe daqui sou
cada passo dado ao leu
as metades inteiras
desse amor que virou fel
*
há tanto corte cego nesse peito
muito silêncio gritando
pouca palavra falando
corre um ácido voraz pelo corpo
é o que mantém a alma viva
no meio de tanta barbárie acéfala
a cabeça da deusa decapitada ainda sangra
num piscar de olhos seguimos
pra dentro da caverna de Platão
e novamente nos curvaremos às sombras
assim a humanidade bêbada caminha
na ponta dos pés ao pé da cova
e um pouco à frente
estão os cadáveres submersos
na monótona flor andrógina
Dhenifer Rocha, é uma jovem poeta de 17/18 anos ,natural de Porto Velho- Ro. Acadêmica de Direito, apaixonada por literatura, filmes, música popular brasileira e por Jesus. Enquanto Chico não vem,coleciona sorrisos, instantes e intensidade. Faz parte do coletivo Marianas. Poemas seus foram publicados nas revistas Pausa e mallarmargens. Teve seu trabalho incluído na nova edição do Livro da Tribo que será lançada em outubro deste ano.
Blog: http://dhenifermirele.blogspot.com.br/