![]() |
Ilustração: Dariusz Klimczak |
Zelopolos(negra estrela)
o galope para dentro do redemoinho
José Inácio Vieira de Melo
Essa sela sem marca, sela sem selo
sela, marca o
nosso carma, marcado murzelo.
Zelo por nós
às sendas de Ápacam, em fugas,
Pégaso fugaz
que se nega a refugos,
que refúgios sonega, negra estrela
cujos cascos
trincam astros
e troteiam sobre ômega
nessa mega fuga
que ora empreendemos.
Zelo por nós,
Zelopolos, apolloníaco murzelo que
me/te conduz
em fugas como essa, que
te/me conduz
para longe
de Évalo, o vão cachorro caçador
de brutas letras letal para o poeta.
Zelo por nós
em alfa a divisarmos beta.
Bato o velo (a velar-te os pelos
sob a sela,
sela sem marca,
sem selo,
sela que marca
o nosso carma, marcado murzelo)
velo de ouro do real carneiro
que imolei na Grécia. Em Trácia
pagaremos por isso;
por três dias,
jogados a traças, negaremos a pressa...
Dérame e Midera
Midera foi-se com a sua foice de vidro,
ceifou o que me dera, Déreme,
devido eu duvidar
da vã quimera
que mera, Dérame me dera. Eram
meras Homéricas Dérame e Midera,
porém, astutas,
às tantas das manhãs apacamíadas
saíam em seus cavalos âmbares
a galoparem por sendas insondáveis,
livres entre livros indeléveis,
entre leves lidos livros
livrando-me
dos danos que Delyves, o Desdém,
desde dantes me impusera.
Dera-me Midara,
a Visão, a palavra-seta
que cita a voz de Dérame a prever-me
a um livro vão (por que não cri na deusa
mera? – a citar Midera como a deusa
que me dera a visão
que crer em Dérame.
Quem me dera ter vivido esta ilusão!
Hibiscos
Leve os hibiscos neste vaso arabesco
a saúde a sons da flauta e do alaúde de Alaude,
a Lady das canções dudias e dos
dias entoados por Alá (quem
o erguerá a alusões a alazões
em seu estábulo, Cavaleiro de Mélbe – , lembre-se;
brie-se perante ela, dê a ela
este vaso arabesco com hibiscos ibéricos
que colhi na Líbia quando li – brianamente – o seu
caderno decalcado com estrelas e uma
trilha entre elas... acenda
a Via Láctea e verás à senda a seta que indica ao