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Ilustração: Sophia Adalaine Zhou |
Tristeza Trapezista
O gráfico tempo e espaço,
ficou esparso.
Trilho aberto que pulsa,
vidas arteriais que se amalgamam.
Entretanto o entrecanto,
quadriculado em mantra,
por entre líquidos,
que se tornam sonidos,
teimam em deixar seu corpo.
Por entre as arestas finas,
os reflexos das vozes recobriam a sala.
Palavras de tristeza trapezista,
daquelas que apenas uma porta fechada entende.
Octaedra medida insana,
mundana, sacana,
de tamanha natureza volátil,
tátil, febril,
sons em corpos trôpegos.
ficou esparso.
Trilho aberto que pulsa,
vidas arteriais que se amalgamam.
Entretanto o entrecanto,
quadriculado em mantra,
por entre líquidos,
que se tornam sonidos,
teimam em deixar seu corpo.
Por entre as arestas finas,
os reflexos das vozes recobriam a sala.
Palavras de tristeza trapezista,
daquelas que apenas uma porta fechada entende.
Octaedra medida insana,
mundana, sacana,
de tamanha natureza volátil,
tátil, febril,
sons em corpos trôpegos.
Afôlegos, sônicos,
por serem úmidos, se colavam.
Se desabam, desejam-se,
por fim mortos em tempo e espaço eternos.
Tabaco Búlgaro
me derretem tremores
café amargo sentir o nascer
na sacada por folhas secas
anedota do tempo queima a seda
em baforadas nas narinas
máquina de lavar em tua pele
fundo do silêncio enlace
recorte de rosa em carne viva
vaso sem água da alma
tremores epidérmicos escorrem
furos nos calçados tua umidade
tabaco búlgaro em lábios
ocular enlace meus destroços
em pé se tornam
pensamento ventrículos
teu corpo pul
fronte minhasando
Nervo exposto rolante
O teu amor
tem jeito incandescente
a colorir
minha alma em lava
tem jeito incandescente
a colorir
minha alma em lava
Enquanto percorre
minha nuca
em seus dedos
E quando meu nervo exposto
em seu nervo exposto
juntos anoitecem
O teu amor
tem a saliva em redenção
a pele que sabe
perimetrar a minha
(E) nós em nós no sofá
em nossas bocas
corações trocados
Saliva alva em tom
reluz em tua língua
dos destroços nossos, o encontro.
minha nuca
em seus dedos
E quando meu nervo exposto
em seu nervo exposto
juntos anoitecem
O teu amor
tem a saliva em redenção
a pele que sabe
perimetrar a minha
(E) nós em nós no sofá
em nossas bocas
corações trocados
Saliva alva em tom
reluz em tua língua
dos destroços nossos, o encontro.
Assentamento
O botão Jhordano
encara com seus ósculos
quadriculados
ânsia& ódio
Cinza nuvem envolta
oração a clamar um raio
pelo acidente
bem ao meio
atravessar a faixa
implorando por ele certeiro
Suspirar tetraplegia
afasia em um único
cíclico momento
do sucesso
tábua de salvação
Aqui Jazz resquício do mesmo mais
Pêndulo
pedantismo do maldito
coração a explodir no peito
Coberto de medo rancor & receio
Rosto inchado por chorar
por dentro
na cadeira do cartesiano
escaras
outrora são acalento
Os restos d’alma sem assentamento
Oração de Pavlov & Seu Corpo de Látex
A concepção do Calvário
o flagelo
integrante parte
pelo caminho da Humana Redenção
Transcendência na condição Homo Sápica
do insípido Primata eleva-se um Servo Divino
Escravidão
Descobre enfim a Violência
Iluminação
Coroa de Espinhos
Açoites
Conversão
Alumiar d’alma com estacas
Emancipação
Este é sem sombra de dúvidas
Experimento Neuronal mais bem-sucedido
feito pela Religião
O Peso do Fardo
Crucificação
Carne Dilacerada pelo chicote
Violência em arranjo com a Morte
Elevação
O Paraíso dos Desencarnados
das Virgens Prometidas
perfeita Pós Vida guardada pelo Discípulo
o Céu do Bom
recompensa
pelo sangue concedido
Anunciação
Meritocracia do Açoite
descanso dos Justos
Autoimolação
O Gozo bondage na Última Ceia
pele descamada pelos golpes
a Religião a violentar
A Libertação
Homem pós-moderno
... a chuva ácida
em minha pele
decalca...
... o pulmão cheio
de fuligem
nicotina & morte
observa...
... um aquário metalizado
homem pós-moderno...
... apenas o eu
adjetivar palavras
substantivos de uma
perdida vida
... o atraso que nos une
desentendimento
... a rotação falha
na corda a segurar
pequenos fragmentos em cores
conectadas
nesse binário buraco negro
... dimensão paralela
encéfalo desloca-se d’alma
em velocidade luz
enquanto genosflexos
equilibram-se esperando chegar ao destino...
... movimentos balísticos
substância cinza em desalinho
sinapse que dispara selfies...
... o pavor de parecer menor
ódio calculado
escondido
toda a vez que desliza os dedos
no teclado...
... o homem pós-moderno
objetifica tudo
cabelos, saias,
calças, espaços,
ideologias, ações & vaginas...
em minha pele
decalca...
... o pulmão cheio
de fuligem
nicotina & morte
observa...
... um aquário metalizado
homem pós-moderno...
... apenas o eu
adjetivar palavras
substantivos de uma
perdida vida
... o atraso que nos une
desentendimento
... a rotação falha
na corda a segurar
pequenos fragmentos em cores
conectadas
nesse binário buraco negro
... dimensão paralela
encéfalo desloca-se d’alma
em velocidade luz
enquanto genosflexos
equilibram-se esperando chegar ao destino...
... movimentos balísticos
substância cinza em desalinho
sinapse que dispara selfies...
... o pavor de parecer menor
ódio calculado
escondido
toda a vez que desliza os dedos
no teclado...
... o homem pós-moderno
objetifica tudo
cabelos, saias,
calças, espaços,
ideologias, ações & vaginas...
O escritor e poeta Fabio Navarro nasceu em uma manhã de domingo no mês de setembro na cidade de Jaú, interior de São Paulo. Seu primeiro trabalho como escritor foi uma coluna sobre cinema, aos doze anos, no jornal do colégio. Muito tempo mais tarde dois de seus poemas (Trago e Baque) foram escolhidos para a coletânea Reversos, Instrumentalizando a Poesia e musicados por Estrela Leminski, Téo Ruiz (Trago), Pedro Pracchia e Roberto Gimenez (Baque), lançada pela revista Nego Dito em 2012. Também publicou o conto A Cria do Oitavo Dia na coletânea Sangue, Suor e Palavras Mal Dormidas da Editora Big Time, que também escolheu a poesia Baque para ser publicada em uma coletânea de poemas, Versos Soprados Pelos Ventos de Outono. Participou como escritor também das publicações virtuais Jamé-Vu e Revista Literária Br. Atualmente escreve para o site Altnewspaper e terá seu primeiro livro de poesias, Descarrilho Cotidiano, publicado pela Editora Benfazeja.