/por Nuno Rau/
os nossos sonhos tinham um defeito
a mais do que no fundo a gente já
supunha, e tudo era mais que á-
cido, mais que cínico, mero efeito
de espelhos, chão que não existe, ar
viciado no labirinto estreito
das palavras abatidas em meio
ao voo porque deviam confessar
que os nossos sonhos tinham um problema
oculto em suas muitas engrenagens,
seus mil circuitos impressos, e nem
se disse que na verdade ninguém
viu o curto incendiando as imagens,
dinamitando sonhos e poemas.