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DAATH SANCTORUM
À noite,
visualizações em Candela
desorientam o tempo receptor.
Há uma pegada
incalculada
à beira do desespero.
Há, porém,
uma lufada de ar fresco,
como antes e depois de um intervalo
existe um sino
e além disso...
através das lágrimas,
alma.
Expropriação,
coração invisível,
renovação do sistema,
germinação desconhecida.
Extensão,
BRASA
Minha consciência é a a brasa
entre os dedos de um tempo que me fuma
parcimoniosamente,
tragando o que de mim consome
qual vício tátil
e traduzindo-o nas formas expiradas
que existem em sua imaginação,
mas nunca em mim.
Não sou minha consciência.
Minha face é o incêndio na beira da estrada
a batizar os cadáveres
das ervas daninhas.
entre os dedos de um tempo que me fuma
parcimoniosamente,
tragando o que de mim consome
qual vício tátil
e traduzindo-o nas formas expiradas
que existem em sua imaginação,
mas nunca em mim.
Não sou minha consciência.
Minha face é o incêndio na beira da estrada
a batizar os cadáveres
das ervas daninhas.
DUELO
Se tua fala de nua lâmina se veste,
faço de meu silêncio carne
para que retalhes somente meu vazio...
Hás de estontear-te quando do rubro contato
entre tua voz armada e o corte que quiseste,
até que caias num desmaio sobre o chão agreste
do que pela palavra criaste como realidade.
Não rezarei para que acordes
nem melodiarei dor que não sinto.
Suturarei tua imaginação
enquanto o gosto de cada gota do que não houve
escarnecerá de tua boca, a enganar-te.
.
Neste dia
todo o sorriso
há de ser
de ironia.
O silêncio reencarnado
velará tua carcaça.
VÍSCERA
Visceral antologia desce em cascatas,
alisando as pedras ósseas da face.
Nada de lágrimas
e metáforas baratas metamorfoseadas.
A realidade impregna o sangue de medo do mundo,
ainda que criada por uma entranha
e ainda que esta precise de outras como ela
para ser alimentada.
A antologia é toda nervos
vibrando pela fricção de um arco
feito de nervos
a gerar fugas sobre fugas
sobre o mesmo tema.
À dissonância chama-se prazer,
à consonância paz
e ao silêncio, dor ou morte.
Onde mora o eu?
Naquele que declara amor a outros complexos viscerais
ou naquele que ajoelha as entranhas ante o sublime
que a carne adapta
por medo do mundo?
Visceral antologia desce em cascatas
alisando as pedras ósseas da face.
Lágrimas e metáforas
ajoelham a dissonância sem sublime
ante um eu
que não mora em lugar nenhum.
No córtex cerebral, neurônios sentem pena
do neurologista que os massacra
à procura da alma humana...
...e que, após,
alisando as pedras ósseas da face.
Nada de lágrimas
e metáforas baratas metamorfoseadas.
A realidade impregna o sangue de medo do mundo,
ainda que criada por uma entranha
e ainda que esta precise de outras como ela
para ser alimentada.
A antologia é toda nervos
vibrando pela fricção de um arco
feito de nervos
a gerar fugas sobre fugas
sobre o mesmo tema.
À dissonância chama-se prazer,
à consonância paz
e ao silêncio, dor ou morte.
Onde mora o eu?
Naquele que declara amor a outros complexos viscerais
ou naquele que ajoelha as entranhas ante o sublime
que a carne adapta
por medo do mundo?
Visceral antologia desce em cascatas
alisando as pedras ósseas da face.
Lágrimas e metáforas
ajoelham a dissonância sem sublime
ante um eu
que não mora em lugar nenhum.
No córtex cerebral, neurônios sentem pena
do neurologista que os massacra
à procura da alma humana...
...e que, após,
faz de sua namorada noiva
por amor
abaixo do adágio:
"Médico, cura a ti mesmo"
por amor
abaixo do adágio:
"Médico, cura a ti mesmo"
DE UMA VEZ
Se o vestíbulo do verbo é a garganta,
qual é o mapa que me dirige
pra dentro da porta sacrossanta
do que me transpõe a laringe?
Nada há de reino no hoje do mundo,
no bojo da crosta em que se protegem
ensimesmados nadas em que me redundo,
eu que não conheço as cordas que me regem.
Porque devo transpor as portas da palavra
e levantar maremotos de breu,
se não atinjo um reino pleno e meu
quando o logos que me tange se apalavra?
A língua está no coração, e ele na língua,
autorretratos recíprocos e em movimento.
A vista fica clara no presto momento
em que a voz estala
e o pensamento
míngua...
Ilustrações: Martin Stranka
Luís Filho, curitibano nascido em 1991, é poeta e compositor. Formado em música pela UFPR, atualmente cursa o mestrado em Teoria, Criação e Estética da Música na mesma instituição. Após ter trabalhado na peça de teatro “A Última Estação” com o ator e diretor Diego Rocha, para a qual escreveu três monólogos e compôs a trilha de abertura, passou a pesquisar formas contemporâneas de poesia, como a Poesia Sonora e o Texto-Som. Atualmente, além do mestrado, dedica-se ao projeto Calmaria, que consiste na criação e execução de canções autorais. O lançamento de seu primeiro livro, O Resto, está marcado para Novembro de 2015.