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Ilustração: Sabine Metz |
O enterro - Arco-íris negro
Vivemos num vácuo de tempo dos grandes astros celestiais!
E você precisa de algo hoje?
Antes que nosso Sol saia da puberdade. Antes que nossa Lua adoeça pela idade.
Quando todas as cores perdem o sentido.
O arco-íris daquela noite foi negro.
Mágico das cores! O Vendedor de canetas que passou por lá Fora do Tempo.
Fez questão de desenhar um arco íris na noite. Um enorme arco-íris negro junto com estrelas azuis.
Para alegrá-la Aurora do dia simplesmente para que o registro do momento fosse Eterno...
E você precisa de algo hoje?
Antes que nosso Sol saia da puberdade. Antes que nossa Lua adoeça pela idade.
Quando todas as cores perdem o sentido.
O arco-íris daquela noite foi negro.
Mágico das cores! O Vendedor de canetas que passou por lá Fora do Tempo.
Fez questão de desenhar um arco íris na noite. Um enorme arco-íris negro junto com estrelas azuis.
Para alegrá-la Aurora do dia simplesmente para que o registro do momento fosse Eterno...
“Detesto a sensação dos pés sujos e a alma triste.” (Senhor)
Flores coloridas fazem parte de belo enterro.
A risada da tia gorda. O café frio e elogios e cochichos sobre o corpo.
Um longo tapete vermelho e o último fechar de portas da sua última morada.
Flores coloridas fazem parte de belo enterro.
A risada da tia gorda. O café frio e elogios e cochichos sobre o corpo.
Um longo tapete vermelho e o último fechar de portas da sua última morada.
Antes de morrer, mesmo antes de morrer, ainda se tem a certeza de que se precisa de mais lições de bondade. E quando não vamos mais precisar? Ter que arrumar um esquema para sair de cena.
Há muitos mistérios para a humanidade, alguns são a mente humana, a consciência, o cosmo.
Mas hoje, neste enterro, nosso mistério é o mistério das lágrimas.
Mas hoje, neste enterro, nosso mistério é o mistério das lágrimas.
Vivemos num vácuo de tempo dos grandes astros celestiais!
E você precisa de algo hoje?
Algo mais que um arco-íris negro nesta noite de estrelas azuis!
E você precisa de algo hoje?
Algo mais que um arco-íris negro nesta noite de estrelas azuis!
Antes de morrer, mesmo antes de morrer, ainda se tem a certeza de que se precisa de mais lições de bondade. E quando não vamos mais precisar? Ter que arrumar um esquema para sair de cena.
O Monstro
Vivendo em paraísos temporários e em infernos permanentes.
Na escuridão sem ter certeza do tempo que se encontra nela.
Na escuridão sem ter certeza do tempo que se encontra nela.
Permita-me falar sem dizer nada! Falar em pensamentos, elucubrar, elucubrar, elucubrar...
Seria o silêncio a resposta perfeita? Se eu-você soubesse traduzir as agonias?
Seria o silêncio a resposta perfeita? Se eu-você soubesse traduzir as agonias?
Dialeto pouco falado nos dias de hoje, de ontem, do passado anterior, navegando para trás como o mito do pássaro africano wooflewoofle, que sempre voa para o passado.
Porém, sentimentos são um luxo que não tenho prazer de descartar, mesmo nestes tempos, nestas condições!
Porém, sentimentos são um luxo que não tenho prazer de descartar, mesmo nestes tempos, nestas condições!
E como todos sabem, não há interesse algum do mundo nas prisões pessoais,
não é moeda de troca, sem nenhum valor para desperdiçar seu precioso tempo.
Não há nenhum curso acadêmico especializado em estudar as dores pessoais,
as verdadeiras dores, não essas que psiquiatras dizem que estudam.
Além da quinta camada da mente humana, as profundezas, a escuridão, a densidade de oprimir até mesmo o aço.
Para isso, talvez existam calmantes farmacêuticos, fitoterápicos, comédias e leitura básica.
Porém ainda não foi desenvolvido, depois de tantos avanços da inteligência humana, sequer um curativo, assopro de mãe, palavra de curandeiro, pedreiro para reconstruir.
Porém ainda não foi desenvolvido, depois de tantos avanços da inteligência humana, sequer um curativo, assopro de mãe, palavra de curandeiro, pedreiro para reconstruir.
Ruínas internas que há muito estão desgastadas.
Tomo um gole, acendo um cigarro antes de partir de cabeça baixa com o peso do mundo, de ter consciência, de não poder se ajudar e não ajudar ninguém. E todo dia coloco um elefante maior em minhas costas. Eles cantam com vozes agudas algo insuportável. Caminhando pela escura e fria cidade mental, vendo os miseráveis, os mendigos, as prostitutas, os cães do caminho. Crianças que esmolam, que habitam esta minha periferia mental.
Faço das ilusões que tanto são criticadas nos livros que andei lendo uma única válvula de escape, a esperança de disfarçar com minha imaginação ou não sei se é mentir para mim mesmo.
Seria a mentira uma aliada da imaginação? Ah, isso fica para depois!
O cansaço tomou conta, e no refugio dos meus lençóis não consigo molhá-los com lágrimas.
Talvez tenha ficado insensível e sem sentimentos depois de tantas atrocidades, que absorvi de forma barata nos programas de TV, jornais, novelas, filmes importados e piadas sem graça sobre aquilo que não domino ou sobre o meu corpo, que já não é tão belo ou nunca foi adequado.
Talvez já tenha me tornando o Monstro. Elucubrar sobre o Monstro e sobre os amaldiçoados que vivem em lugares escuros, úmidos e mal cheirosos. E eles lá procuram se esconder, se proteger da luz. Lá eles não podem ser vistos. Talvez se encontrar um, ele te devore, mais por medo de você do que por ser terrível de fato. Lugar dos rejeitados, excluídos e acusados. E com o passar do tempo, tornam-se horripilantes, tornam-se lares, casinhas bem bonitas e elegantes.
- Quando a jovem moça loira vier não vai me reconhecer. Talvez fuja ou grite, e talvez assim possa protegê-la de mim mesmo.
O monstro se esconde nas profundezas para proteger os que ama dele mesmo. Elucubrações.
Textos extraídos de Vendem-se Canetas para escritores (Instituto Memória).
Rafão Miranda (Rafael Miranda ) nascido em 1982 no mês de outubro .Idealizador dos folhetins dos poetas malditos (2015). Publicou os livros – Vendem-se Canetas para Escritores pela editora Instituto Memória(2015), Provérbios de Cadeia pela Editora Liga dos autores Free (2013). Coprodutor do Livros 20 e cinco versinhos sobre o Amor (Alinne e Ales de Lara ), Stigmas (Jefferson Bandeira ), Caminhada (CaridadMendizabal). Idealizador dos Inquilinos de João de Barro(2012) e de Mini Festival Sê Liga. Idealizador e produtor da Revista o Verbo pela Liga dos Autores Free. Trabalhou com música e teatro entre 1998 e 1999. São de sua autoria as capas dos livros Num piscar de olhos e outros olhares de Júlio Damásio, Toque de Hermes de Carla Ramos, A bela poesia dos Insetos de Vanice Zimmerman e Lira Agirbert