4.3
rasga o sono
a palavra
a palavra
parto precoce
em céu descoberto
em céu descoberto
grita um grilo:
o beijo o beijo
o beijo do vento
na boca das folhas
o beijo do vento
na boca das folhas
miro as estrelas
[eminência dissoluta da queda]
[eminência dissoluta da queda]
o dia quase já.
utópico
Atravessando os sinais
e as autopistas alcanço
a utopia do mar: às quatro
da manhã somos só eu,
ele e o riso rasgado da lua.
e as autopistas alcanço
a utopia do mar: às quatro
da manhã somos só eu,
ele e o riso rasgado da lua.
[as ondas gritam suas ancestralidades]
(des)redondilha
Pasárgada, nada!
vou-me embora para
o vinhedo mais próximo:
lá sou amiga de Baco.
vou-me embora para
o vinhedo mais próximo:
lá sou amiga de Baco.
Simulacro
a lua se despiu
louca
ao meio dia
lua despudorada
pendurada como
farsa num céu azul
cobalto
louca
ao meio dia
lua despudorada
pendurada como
farsa num céu azul
cobalto
[a esperar não se sabe o quê]
Vássia Silveiraé jornalista e escritora. Seus primeiros poemas em livro compõem o Balaio de Ideias (Editora Projeto, 2006), almanaque infanto-juvenil coordenado por Sérgio Capparelli. É autora de Febre Terçã (poesias/2013), Indagações de Ameixas(crônicas/2011); e dos infantis Quem tem medo do Mapinguari? (2008) e Braboletas e Ciuminsetos (2007). Escreve o blog Toda Quinta (http://todaquinta.blogspot.com.br) e vive em Florianópolis.