O luar a eternidade derrama
Sobre os segundos vãos do universo...
Silêncio... a mudez é a chama
De Deus e o seu mais belo verso.
Cada ser, tão só, então clama
Pelo canto mudo e disperso
Que ao mistério penetra e chama...
Penumbra e luz... nada e o diverso...
E os Destinos, em círculo imortal,
Ao céu sobem ao clamor do Sonho...
À terra caem à sombra do Ideal...
E a vida, afinal, infindo o leito,
É uma eternidade que suponho
Todo um luar de luz desfeito...
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Pelo sol nascente, és qual as densas ardentias
Da floração dos sonhos nas douradas messes...
Ao poente, quando o dia traz em luz os dias
Antigos, languidamente, como a rogar preces,
Como pareces um cansado espelho das alegrias...
Mas à noite, na essência das fantásticas messes,
Como às escuridões mais remotas alumias,
Como ao luar profundo e lento te pareces...