Teu corpo é um campo de batalha
teu corpo é um campo de batalha
eu perco
ganho
no final
incontáveis
empates
Haicai nacional do desastre
quando eu tomo café na cama
e acabo derrubando tudo
é aí que vejo o drama
de não ter criado-mudo
Escritura
em verdade vos digo
algumas mulheres servem só pra trepar
não relacionamento não envolvimento
não conversas sobre trivialidade pré e pós coito
nada de opiniões a considerar
e o mesmo elas querem de nós
não pensem que o privilégio de satisfação é tão-só
do que se liquidifica ao procriar
entre o cortejo a conquista e o ato
se desenha um rito, um artigo manufaturado
que se quebra depois do gozo em caras e jeitos
incomodados
mas aos que insistem ainda no romantismo, acima
disse que algumas mulheres devem ter tal trato
outras a gente se junta e brinca de família
até os filhos crescerem e, aborrecidos
somamo-nos àquela pilha
se capazes, de fato
Commedia dell’arte
mato um leão por dia ponto Todos matam vírgula afinal ponto Desenho as constelações abre parênteses na minha concepção vírgulatem uma fera em cada estrela fecha parêntesesvírgula viro expectador ponto Uns preferem a quantidade do que a qualidade vírgulacomo eu ponto Existirá vírgula nos temperamentos rancorosos aposentados vírgula uma região intocada vírgula humilde vírgula coberta pela gramática incorreta dos maus escritores pontoAs ninfas lésbicas namoram à sombra dos holandeses gigantes vírgula uma aragem vem lenta vírgula como o entendimento dum Salmo ponto Paralelos e pecados vírgula falas mal interpretadas numa comédia ditada por um cavalo
* * *
Andrei Ribas, formado em Direito em 2003, foi conciliador judicial, advogou e, desde 2008, é servidor público estadual. É autor de O Monstro, lançado em 2007 pela All Print (São Paulo) e, em 2013, Animais loucos, suspeitos ou lascivos, pela Multifoco (Rio de Janeiro). Escreve regularmente no site Homo Literatus. E-mail. Rede social.