Quantcast
Channel: mallarmargens
Viewing all articles
Browse latest Browse all 5548

8 POEMAS DE ANA FARRAH

$
0
0




Zuckerberg não gosta de peitinhos, nem de nudez
Zuckerberg tem problemas com sua mãe
Freud falou que era fase oral
mal resolvida...
Mas Zuckerberg não cede, não tenta, não experimenta...
Depois vai lá e me arranca
todas as peladinhas
levando junto meus escritos.
Zuckerberg é mau.
Zuckerberg tem problemas.


*


Não lembro nem o nome
lembro que ele usava um
sobretudo bege e morava
num desses apartamentos
de cohab
também não lembro como
fui parar lá e no meio
da noite sentir vontade
de ir no banheiro
mas lembro que o inverno
carcomia grosso
e eu enrolada naquele
sobretudo bege
quentinho
lembro que fiz xixi
ali mesmo
não lembro como saí
só sei que de uma
hora pra outra eu já
estava fora dali
me vi descendo do carro
(meio que empurrada)
nem beijinho...
ele nunca ligou
eu nunca lembrei o nome dele...


*


Me diz que tem um poema no gatilho.
Escreve, escreve, homem.
mas não escuto nada, não me diz nada.
Desculpa, amor. I'm very very busy,
tic tac, ocupadíssima lendo e lendo
e te recortando e tentando ainda fazer
essa escrita entrar na minha linha.
Não deu, não dá. Não orna.


*


Alguém coerente disse que isso aqui
é uma grande competição
para ver quem é mais feliz.

Ganha quem aparecer montado num unicórnio,
voando entre Júpiter e Saturno.


*


Ainda preciso escrever
sobre o fato de ele ser
tão low profile
e estar sempre tão por dentro
de tudo
sobre uma outra vista
essa, dos backstages
da vida
eu acho lindo
de ver e ser
sem ser visto
é de quem não busca
nem precisa


*


Ela diz ser ela mesma.
Ninguém acredita mais.

Acordou, se olhou no espelho
e percebeu-se de ser ela,
sem surpresas.

Mas aconteceu de ninguém mais lhe acreditar.

E já nem os documentos lhe creditam identidade.
Perdeu-se.

Sabe de si. Sabe bem quem é,
de onde veio, de quê se alimenta.
Os outros é que duvidam...

Em crise de identidade, questionou
as próprias
digitais.


*


Madrecita já te disse, que meu homem,
se não for esse vai ser outro
igualzinho
de barba e cabelo em desgrenho nítido
uma cara assim, mal lavada,
um olho de milênio e pouca vontade de (a)mar
gosto assim, desse olhar blasé 
que não só já viu quase tudo mas acha tudo tão déjà vu
mesmo antes de ver

Eu gosto é do gasto.


*


eu te cego, tu me esticas a mão,
iremos juntos, mancos, até o olho mais próximo,
então tu me cegas. e eu te estico a mão.

De dentro do olho daremos tiros de chumbinho para o alto,
em alvoroço e comemoração frenética.

A loucura já não nos basta.




*    *    *




Ana Farrahé gaúcha, da leva de 81. Ano do galo. Mora em Floripa. Uma vez mandou poemas pra editora da TRIBO. Publicaram dois. Fez o "Curso para Formação de Escritores", pelo SESC. Garimpeira do Pinterest. Mexe bem no Picture manager do Office. Gosta de inventar que é astróloga, taróloga, que vê o futuro. É leitora voraz de bulas de remédio. Percorreu quatro cursos universitários, até virar Esteticista, na quinta chance do universo. Faz poesia no banho. E atende à domicílio. Cobra bem. Lê e escreve entre uma massagem e outra.




Viewing all articles
Browse latest Browse all 5548

Trending Articles