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Ilustração: Anja Millen |
Akenaton
Desce de suas esferas akenaton
Não somos mais servos dos anjos
somos amigos dos astronautas
e dos cavalos qe pastam na chuva
servos serão os qe seguem akenaton
senhores, os qe se creem akenaton
por nós mesmos geramos akenaton
e toda sua hierarqia de luz
o medo do mundo de cima
(como se aqela luz não fossemos nós próprios)
medo de voltar pro mundo debaixo
(como se não devêssemos sujar as mãos de terra)
Tudo é nossa casa
nosso jardim nosso lixo
e por nós mesmos teremos de destruir akenaton
teremos de ser os matadores de anjos?
Pistoleiros santos?
As estrelas cadentes não são raras
Raros são os qe sobem a montanha
pra comer fagulhas do universo
Desce de suas esferas akenaton
vem conosco tomar seu cálice de vinho
amar os cavalos qe pastam na chuva
e fumar a neblina das rodovias
deixe qe os beijaflores
guardem os arcanjos
e venha nú,
porqe aqi em nosso jardim
as flores
são sexos abertos
Marcha dos Girassois
Olha Emily, como marcham os girassóis
Parecem os soldados do agronegócio
Olha Emily, como dançam as papoulas
Parecem as putas tristes dos outdoors
Ve, quanto agrotóxico
Pétalas de veneno
Folhas maquiadas
Que triste, Emily!
Eles não beijam as borboletas
Elas desconhecem o louvadeus
Olhe lá, Emily, um beija-flor de sucata!
Em cada vidro de perfume há um genocídio de flores
Parecem os soldados do agronegócio
Olha Emily, como dançam as papoulas
Parecem as putas tristes dos outdoors
Ve, quanto agrotóxico
Pétalas de veneno
Folhas maquiadas
Que triste, Emily!
Eles não beijam as borboletas
Elas desconhecem o louvadeus
Olhe lá, Emily, um beija-flor de sucata!
Em cada vidro de perfume há um genocídio de flores
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Ilustração: Amja Millen |
O Beijø de Juana DǞrk
Puseste saliva nɐ bocɐ do soldadʘ, Juana Dдrk?
Deixaste t3u mel dϵ luz no céu da bФca delэ?Ǝu sei qe foi tԑu aq3le beijṏ, JDark!
Ainda ontԑm eu vi o sФldado deseʁtando
Se unindo aos profэtas & vagabᴝndos
Maᴫchando ɔom os jagunços sΔntos
E ©onspirando entr3 os anʉrkistas
Komo foi qe bԑijou a boca de s3u assassinoȻom a doçura do ɐmor ƌo mundo, JD4rk?
Qem t3 deu eϨϨe koracão d koragem?
É Blake, o anjo qantiko, o s3u guia?
Pois salvaste 1m soldΔdo
Da moʁte sэm luz!
Vê aqel3 moço qe vai lá
A kaminho d4 luz
Com girassóis nos olhøsƎ koracão purifikado?
Poys foi elԑ qэ tu beijaste, JDɐrk!!
Deixaste t3u mel dϵ luz no céu da bФca delэ?Ǝu sei qe foi tԑu aq3le beijṏ, JDark!
Ainda ontԑm eu vi o sФldado deseʁtando
Se unindo aos profэtas & vagabᴝndos
Maᴫchando ɔom os jagunços sΔntos
E ©onspirando entr3 os anʉrkistas
Komo foi qe bԑijou a boca de s3u assassinoȻom a doçura do ɐmor ƌo mundo, JD4rk?
Qem t3 deu eϨϨe koracão d koragem?
É Blake, o anjo qantiko, o s3u guia?
Pois salvaste 1m soldΔdo
Da moʁte sэm luz!
Vê aqel3 moço qe vai lá
A kaminho d4 luz
Com girassóis nos olhøsƎ koracão purifikado?
Poys foi elԑ qэ tu beijaste, JDɐrk!!
Daime Blues
Daí-me noticias do mundo de lá!
Daime noites azuis
Daime os homens pretos de terra
E dai-me os homens azuis das esferas celestiais...
Quero tudo, embora não deseje nada.
De-me, Antonio Conselheiro, tardes de guerra
Daime, mestre Irineu, noites de chuva
Sobre a floresta encantada
Os cavalos tristes que comem as ervas alegres
Give-me, Bob Dylan, seus versos de luz embriagada
Daime todos os dias
O konhecimento silencioso da mente
Não me negue todas as coisas do mundo
Daime o trabalho triste dos pescadores
Daime o pensamento árduo dos filósofos
E livrai-me de mal dos senhores da guerra
Que caia sobre mim o suor sagrado de seus filhos da terra
Daime o ócio criativo dos burgueses
Daime as maquinas que corroem meu fígado de operário
Daime as dores e medos do mundo
Let-me, Lenon, um “dont let me down”!
Daime os dias virgens e as noites de tesão
Daime as celas de liberdade, Sr. Thoreau!
De-me Baco, do sangue da uva
De-me Alice Sartre, o seu mais precioso delírio!
Darma, Sidarta, sua mais nobre verdade
Daime um copo de vento
Pra que o tempo seja um intento
E que meu medo seja apenas um breve evento
Daime quantuns forem as moléculas do espírito
Daime santa paciência
pra suportar tanta luz!!!
Hai Kais do Purgatório
O deus qe há em mim
Qer comer o deus qe há em ti
Kamastrê!
Catia Cernov, escritora nômade, filósofa orgânica e produtora independente, vaga entre as cidades com seus livros de poesias e também ficção científica. Autodidata, desertou á Academia, e mora num universo onde “É permitido delirar!” Tem 46 anos, 3 filhos, e mora em Florianopolis SC. Seus textos, ensaios libertários, contos, ficções, poemas, são fragmentos de seu universo em expansão. Ela mesmo escreve, edita e imprime seus livros, pelo seu selo Cernov Produção Independente. Já publicou na Revista Caros Amigos, Edição especial Literatura Marginal; publicou seu primeiro livro “Amazônia em Chamas”, contos, pelo Selo Povo, do escritor Ferrez, de São Paulo, através da editora Luzes no Asfalto. Publicou seu segundo livro “Sapiens”, ficção científica, pelo seu próprio selo Cernov Produçao Independente. Mantém um blog : Kabaré de Rosa Negra (Catiacernov9@blogspot.com) e suas poesias estão fragmentadas em páginas de rede social em: