Na noite inerte, como se visse
Um luar estendido no jardim,
Vi tua sombra triste vindo a mim...
As flores transpiravam meiguice
Como se a lembrança as sentisse
Na flórea tristeza do jasmim...
(Vagava a eternidade no jardim...)
E sem que o meu pobre olhar visse,
Caminhavas para a minha alma
Com os passos tácitos e sombrios,
Qual um longo véu que se espalma
Secretamente nas almas quedas...
Eu era, então, uma folha sobre os rios
Que sonham ao luar das alamedas...
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PERSCRUTAÇÃO
Quanto mais em meu ser adentro,
Com ávido afã, instinto de noite,
Mais a descrença nele concentro
E às vãs tormentas dou acoite...
As florestas primitivas desbravo
À luz da tarde que morre encantada...
E eu me adejo, em sonho flavo,
E não me encontro... não vejo nada!