Os que são sem saber.
Os que sabem que são.
Os que fingem que são.
Os que tentam.
Os que enganam.
Os que não.
Todos vão.
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Eu amolo alicates e facas, minha senhora.
O rapaz que afia poemas está de licença.
Acidentou-se com um verso quebrado.
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Do parto em diante
Todo mundo é retirante
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O principal estado
Da matéria que pensa
É a solidão
Mas ela também entende de amor
E derretimentos.
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Gostar tem dimensões.
A raiva ocupa espaços.
A inveja tem fome.
O ódio sabe a sua cor.
E o amor?
A perda se reconhece.
A saudade sabe de distâncias.
A luxuria se enrosca.
E o amor?
A gula é insaciável.
O medo recua.
A vaidade se reflete.
A preguiça se refestela.
E o amor?
A avareza se guarda.
A loucura tem uma razão.
A alegria se diverte.
A felicidade é uma senhora.
E o amor?
E o amor?
E o amor?
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Perfumado fim
Tem a mosca na teia
Galho de jasmim
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Não vou dar nomes ao poemas
Eles que se deem, que se doem
Que se danem
Mineiro de João Monlevade, Rômulo Garcias, é ilustrador, programador visual e poeta.
É da boa safra de 1961. Plantou livros e escreve árvores.Ilustração: Rômulo Garcias