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Rômulo Garcias em 7 poemas

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Os que são sem saber.

Os que sabem que são.

Os que fingem que são.

Os que tentam.

Os que enganam.

Os que não.

Todos vão.


***



Eu amolo alicates e facas, minha senhora.

O rapaz que afia poemas está de licença.

Acidentou-se com um verso quebrado.
 

*** 


Do parto em diante

Todo mundo é retirante
 

***
 

O principal estado

Da matéria que pensa

É a solidão

Mas ela também entende de amor

E derretimentos.


***


Gostar tem dimensões.

A raiva ocupa espaços.

A inveja tem fome.

O ódio sabe a sua cor.


E o amor?

 
A dor pode ser medida.

A perda se reconhece.

A saudade sabe de distâncias.

A luxuria se enrosca.


E o amor?
 
A gula é insaciável.

O medo recua.

A vaidade se reflete.

A preguiça se refestela.
 
E o amor?
 
A avareza se guarda.

A loucura tem uma razão.

A alegria se diverte.

A felicidade é uma senhora.

 
E o amor?

E o amor?

E o amor?



***


Perfumado fim

Tem a mosca na teia

Galho de jasmim
 
***


Não vou dar nomes ao poemas

Eles que se deem, que se doem

Que se danem

 
 
Mineiro de João Monlevade, Rômulo Garcias, é ilustrador, programador visual e poeta.
É da boa safra de 1961. Plantou livros e escreve árvores.

Ilustração: Rômulo Garcias

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