Ilustração: Dana Marié Borbely
cigarras geladas
uivam ao meio-dia
guinchos
embriagando
os últimos ventos
da paisagem
nossa casa é o melhor lugar do mundo
e por não estarmos sós no universo, e por estarmos
tão sós no universo, busco o melhor do mundo
em outras histórias.
mesmo no desconcerto, entre o cheiro de lençóis alheios,
um sofá antigo, único habitante de uma enorme sala vazia.
a vida, vem de uma maçã,
que mora há dois dias numa bolsa e logo mais será um beijo.
a insônia aposta com a madrugada
quem ouvirá primeiro o despertador.
overzen
a chuva ressuscita cenários
o corpo do gato se contrai
no último salto para que continue lindo
oficina de milagres
poder nenhum
paraíso
destratos
nos desapegos
a que me proponho
limiar do desalento
humana que sou
mesmo que um mago
me torne pedra
além de preciosa
ociosa tempestade
lânguida
o todo de cada metade
ana luíza e renata
dormem juntas
cenário para um contador de histórias
todo bilhete e pista emocional
medula arrepio
“é o lobo!”
“é o lobo!”
chá
romancistas franceses
castelos de cartas
o sol é um colírio mágico
Jane Sprenger Bodnar nasceu em Curitiba. Formou-se em Comunicação Visual, pela UFPR. Publicações em antologias poéticas, jornais e revistas literárias, tais como: Jornal Nicolau (PR), Jornal A Notícia (SC), Mulheres Emergentes (MG), Revista Textuale (Itália); no ciberespaço, Revista Germina e os sites Cronopinhos e Escritoras Suicidas. Co-autora do objeto-poético Homeopoética (Casulo Provisório Edições). Em 2003, publicou "Luísa Cuidadora de Planetas" (edição de autor). Integra “Dedo de Moça – Uma Antologia das Escritoras Suicidas” (Terracota Editora, SP, 2009) e os dois volumes de “Hiperconexões: Realidade Expandida” (Terracota Editora, SP, 2013 e 2014). Orienta oficinas literárias para o público infanto-juvenil pela Fundação Cultural de Curitiba e para os alunos do Grupo de Literatura da Sala de Recursos para Altas Habilidades/ Superdotação no Instituto de Educação do Paraná.