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POEMA - HELENA FIGUEIREDO

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/Helena Figueiredo/

Sabes, MEU AMOR
as tuas mãos envelheceram comigo
estas rugas, são o manto que nos cobre
e em cada noite que chega
pergunto, onde andará a tua alma
porque padeces a meu lado,
como outrora me beijavas a boca.
Não foi o tempo que passou
fomos nós, que quedamos embevecidos
a ver o pôr do sol.
Temíamos o fim
as trevas
a inércia da razão
e corremos a beber café nos botequins
e saudámos as pedras
regámos os campos
erguemos taças ao efémero.
Posso ainda hoje semear o grão
soltá-lo em rosas da varanda
para aclamar a última derrota
rasgar as cortinas
os vestidos
o forro dos sofás
receber a luz, que vive em teu sorriso.
Existe a integridade dos astros
o juramento do sangue
o caminho secundário
o fio de água
dos troféus, se os houve, falarão depois
pois aos mortos tudo é devido.
E se os olhos cerrarem de madrugada
absolutamente nada, ficou por fazer.



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