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Channel: mallarmargens
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A Espera

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O rasto lúrido do astro implodido,
num céu de ais e calcinações,
seguem tristes, tétricos heliantos.

Os seres esperam doloridos,
o amargo sangue e as seivas expectam
em corações cravados na pedra.

O enxofre do último abandono
envenenou os olhos e a luz,
a palavra e as antecipações.

O nome tremendo é pronunciado
quando arde, funesto, o sigilo
das estelas em clareiras gris.

Em solidão absoluta invade
o mundo a potência decisiva,
vasta presença não pressentida.

E o terror da proximidade última,
do que se pode perder sem fim —
o tempo é prenhe de peste e Deus.
Imagem: Anselm Kiefer





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