Questions for God, Gilad Benari
ORAÇÃO
O controle remoto
frio e áspero
que d
e
s
l
i
z
o
de uma mão à outra
me faz pensar em Deus
Ligo a TV e faço uma oração:
“Pai nosso
caiu do céu
santificado
será o Homem”
“Sentimento do Fim do Mundo” - Editora Patuá, 2011
CARDÁPIO
é do sal da inveja que me alimento:
quebro e saturo no molho encorpado
o quebranto de três olhos gordos
e reviro todo bucho-virado
no meu prato-cheio de Axé
t o
r d
a a
n t
s m u
(é do mel da inveja que me Amuleto)
“É que os Hussardos Chegam Hoje” - Editora Patuá, 2014
PESCA&BUNGEE JUMPING&GANGORRA
< um Branco branco na tela
tensa
a Esperança de um lado, ,
balança.
descansa.
a Angústia do outro, ,
suspensa
uma fenda entre o Nada e o Ser.
uma corda no pescoço
cravada à vara (um bambu de osso)
sobe-desce pelo feixe
de abismos do
p
o
e
m
a
.
.
.
peixe >
The lost god , Ruth San Coirtis
ESTAMIRA
nenhum conhecimento
trará à luz
a flor
de quem tudo perdeu.
nenhum ouro vale
o lixo
de Estamira.
fique quente, Prometeu,
descriador falsário e humano
ao contrário,
limpador do cu de Zeus
o trovão berra meu nome
o cometa se curva à curva
a curva transborda
e o resto resteia tudo
o controle remoto
remonta a mão
de quem mira. ó, copiador
da mentira, pare, veja,
sinta: nenhum fogo
vale o lixo de Estamira.
fique quente, Prometeu,
descriador falsário e humano
ao contrário,
limpador do cu de Zeus
o trovão berra meu nome
o cometa se curva à curva
a curva transborda
e o resto resteia tudo
o controle remoto
remonta a mão
de quem mira. ó, copiador
da mentira, pare, veja,
sinta: nenhum fogo
vale o lixo de Estamira.
SANGUE NOS OLHOS
quando você desce
à mansão dos mortos,
faz um selfie com a cara
que pariu sete diabos de garrafa,
arromba os nove portões de baixo,
enverga os círculos todos com os esti
lhaços do nada do nada que te sobrou,
à mansão dos mortos,
faz um selfie com a cara
que pariu sete diabos de garrafa,
arromba os nove portões de baixo,
enverga os círculos todos com os esti
lhaços do nada do nada que te sobrou,
e volta,
aí danou: sua medida de dor
é outra
a
morte
é muito
pouca
morte
é muito
pouca
(e esse inferninho que se cuide)
Willian Delarte