Sins e sens da relatividade blue-rouge
hoje não sou
estou aqui
sem soul
fui
serei
ou era
azul
o dia ruge
mal-estares
amanhã
sem sol
ex-eu
de agora
não fui lá antes
estarei sendo blue
em olhares... o dia foge
ontem não fui
a lugares sem sal
aluguei uma lounge sem som
e estacionei sensações
na garagem
hoje estou
sem sins
ontem
não estive bem
amanhã será cem sins
eu serei o verbo
ser
conjugado
em
rouge
Outonal
a polpa escorre
da carne crua da noite,
impreterivelmente selvagem e escura,
em um tapete de estrelas
sangram sigilos as horas invisíveis
em nuances de céus de maio
abril e março:
vermelhos sangrados puros
em terra fria
desfalece a manhã
em sorvidas súplicas,
anoitece no púlpito sagrado
do peito ausente do tempo
a manhã desmaia maçãs
em cálices explícitos:
sumo, suplício
sementes ao vento
romã madura
amanhece
no azul translúcido
em mil imagens,
loucura rosa e anil;
corpo-paisagem
a noite jura que
amanhã sai o sol
beijo o céu de outono,
saio só
em carne nua
Devir
esqueço das várias que fui aos poucos,
o devir vem brutalmente
sem nitidez
rasgando os espectros entorpecentes
das possibilidades
do infinito
sinto meu corpo desvanecer e reintegrar-se,
e lembro que
o espaço
é só uma questão de tempo,
um detalhe...
minha mente
existe
já imaginei que pudesse brincar com os anjos,
e tocar a placidez dos planetas
com um sorriso,
e trazer a luz de um metal precioso
nos gametas,
e declamar um poema incandescente
com um só beijo ,
como um tapa na cara
da morte
e nos relógios atômicos que desenham as linhas
da nossa humana
imperfeição
houve um tempo que
acreditei na indecência
do céu e das estrelas,
com tantas constelações
não poderia haver tanta
solidão e violência
desvencilhei-me de amarras
e armadilhas,
escalei um poço escuro arrebentando as vísceras
do tempo
e deixando seus pedaços pelas pedras escorregadias;
não tive medo do desfalecimento
do ser,
solucei de saber-me só em trilhas
que eu pensava que só eu conhecia
o devir vem brutalmente
sem nitidez
rasgando os espectros entorpecentes
das possibilidades
do infinito
sinto meu corpo desvanecer e reintegrar-se,
e lembro que
o espaço
é só uma questão de tempo,
um detalhe...
minha mente
existe
já imaginei que pudesse brincar com os anjos,
e tocar a placidez dos planetas
com um sorriso,
e trazer a luz de um metal precioso
nos gametas,
e declamar um poema incandescente
com um só beijo ,
como um tapa na cara
da morte
e nos relógios atômicos que desenham as linhas
da nossa humana
imperfeição
houve um tempo que
acreditei na indecência
do céu e das estrelas,
com tantas constelações
não poderia haver tanta
solidão e violência
desvencilhei-me de amarras
e armadilhas,
escalei um poço escuro arrebentando as vísceras
do tempo
e deixando seus pedaços pelas pedras escorregadias;
não tive medo do desfalecimento
do ser,
solucei de saber-me só em trilhas
que eu pensava que só eu conhecia
reli linhas escritas
displicentemente largadas no lodo,
como se valessem todos
os nadas,
como cartas indesejáveis sem destinatários
pelas horas infatigáveis que impõem
o seu próprio fim
temi perder meus pensamentos que fugiam,
não os tinha seguros
quando eu tinha pensamentos demais
displicentemente largadas no lodo,
como se valessem todos
os nadas,
como cartas indesejáveis sem destinatários
pelas horas infatigáveis que impõem
o seu próprio fim
temi perder meus pensamentos que fugiam,
não os tinha seguros
quando eu tinha pensamentos demais
enamorei-me da paz do silêncio
que mostra nuances invisíveis
do impossível,
enquanto decifrava imagens em mim
indecifráveis;
vasculhava meu coração e sangrava
aquela coragem absurda
de acreditar
e de sentir-se
completamente só...
sentir é um pequeno momento
de lucidez,
amar é sorver-se e reencontrar-se
que mostra nuances invisíveis
do impossível,
enquanto decifrava imagens em mim
indecifráveis;
vasculhava meu coração e sangrava
aquela coragem absurda
de acreditar
e de sentir-se
completamente só...
sentir é um pequeno momento
de lucidez,
amar é sorver-se e reencontrar-se
no caos de ser várias
ao mesmo tempo,
de sermos nós
no tempo que há
minha mente aindaresiste
ao nada;
meu coração ainda resiste
meu coração ainda resiste
ao infinito
Poemas: Samantha Beduschi Santana
Fotos: Arquivo da autora