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06 poemas de Marcelo Leandro Ribeiro

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Meteoro

Caiu em meu coração
Um meteoro
Que deixou um buraco
Tão profundo que nele agora moram
As palavras que habitam
O mundo




Cometas sem vida

Pelos olhos 
dos homens
o futuro é incerto, 
Não cabem as noites
nos buracos
de balas 
que se instalam 
nas paredes 
dos prédios

Não querem 
ser sombras
as almas 
que fogem 
por medo do dia

o suspiro do açoite 
vem sempre
do alto, 
cai como estrelas
cometas sem vida




Frestas do Tempo

Seria esperado da criança
Que brincasse em terra
Jogos, cavalos, o mundo em
Festas entre colegas
Que dividem um sonho

Tivesse terra, casa
Morada certa seria
A varanda recreio
De onde beijaria a Lua
Entre frestas do tempo

Vivessem os amigos
Seriam quatro ou cinco
Que correriam contra
O Sol do deserto

Restasse a família
Não estaria, doze anos
Com uma pedra na mão
Defronte a um tanque




Cacto

Ainda que o espinho te fira
Reside no cacto a beleza que
Indica valer-se o risco e o
Sangue que se despeja 
Entre suas flores vermelhas

Vê mas não te aproximes
Até ter-se a certeza de que
A flor que te enche as vistas
Cabe em tua alma pequena




Nascer do dia

Guarda o silêncio na boca
Antes que a noite te cobre
Palavras não ditas

Guarda do gosto o açoite
Da lembrança a ferida

E ria como se só nos restasse
O nascer do dia



Silêncio

Ouvem os gritos do vento
Quem do deserto é nascido
Rompem os raios de Sol
Quem nunca 
se dá por vencido

Silêncio vem do ouvido
De quem escuta apenas
Aquilo que nunca foi dito



Marcelo Leandro Ribeiro é escritor, poeta e letrista. Engenheiro, autor de diversos livros publicados na área. Em literatura escreve poesia, contos, crônicas e infantis. 
Poemas: Marcelo Leandro Ribeiro
Imagem: arte em grafite de Banksy, no muro de Gaza.



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